Manifestações Culturais


 SAMBA DE RODA
O samba de roda, como o próprio nome diz, se caracteriza por uma roda em que as mulheres, e também os homens, começam a sambar de tal forma, que todos os capoeiristas presentes acabam entrando no samba. As rodas são sempre animadas e cheias de alto astral e nelas, as mulheres mostram toda sua sensualidade de uma maneira graciosa. Geralmente, o samba de roda começa após o encerramento das rodas de capoeira gerando a descontração de todos.
Na Bahia, o samba de roda é feito em diversos lugares e ocasiões, porém, são muito comentadas aquelas que acontecem nas festas de largo de Salvador.
Em alguns terreiros de samba de candomblé como o da Mãe Alice (na Bahia), o samba de roda pode ser visto e apreciado na sua forma mais tradicional. As famosas baianas da Mãe Alice como Nita, Edinha, Marinalva, Joselita, entre outras, fizeram parte da chamada TURMA DE BIMBA, nos anos 50 e 60.

MACULELÊ
Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo Baiano, cidade marcada pelo verde dos canaviais, é terra rica em manifestações da cultura popular de
herança africana. Berço da capoeira baiana, foi também o palco de surgimento do Maculelê, dança de forte expressão dramática, destinada a
participantes do sexo masculino, que dançam em grupo, batendo as grimas (bastões) ao ritmo dos atabaques e ao som de cânticos em dialetos
africanos ou em linguagem popular. Era o ponto alto dos folguedos populares, nas celebrações profanas locais, comemorativas do dia de Nossa
Senhora da Purificação (2 de fevereiro), a santa padroeira da cidade. Dentre todos os folguedos de Santo Amaro, o Maculelê era o mais
contagiante, pelo ritmo vibrante e riqueza de cores.
Sua origem, porém, como aliás ocorre em relação a todas as manifestações folclóricas de matriz africana, é obscura e desconhecida. Acredita-se
que seja um ato popular de origem africana que teria florescido no século XVIII nos canaviais de Santo Amaro, e que passara a integrar as
comemorações locais. Há quem sustente, no entanto, que o Maculelê tem também raízes indígenas, sendo então de origem afro-indígena. Conta a
lenda que a encenação do Maculelê baseia-se em um episódio épico ocorrido numa aldeia primitiva do reino de Iorubá, em que, certa vez, saíram
todos juntos os guerreiros para caçar, permanecendo na aldeia apenas 22 homens, na maioria idosos, junto das mulheres e crianças. Disso
aproveitou-se uma tribo inimiga para atacar, com maior número de guerreiros. Os 22 homens remanescentes teriam então se armado de curtos
bastões de pau e enfrentado os invasores, demonstrando tanta coragem que conseguiram pó-los em debandada. Quando retornaram os outros
guerreiros, tomaram conhecimento do ocorrido e promoveram grande festa, na qual os 22 homens demonstraram a forma pela qual combateram os
invasores.
O episódio passou então a ser comemorado freqüentemente pelos membros da tribo, enriquecido com música característica e movimentos
corporais peculiares. A dança seria assim uma homenagem à coragem daqueles bravos guerreiros.
No início deste século (XX), com a morte dos grandes mestres do Maculelê de Santo Amaro da Purificação, o folguedo deixou de constar, por
muitos anos, das festas da padroeira. Até que, em 1943, apareceu um novo mestre – Paulino Aluísio de Andrade, conhecido como Popó do
Maculelê, considerado por muitos como o “pai do Maculelê no Brasil”. mestre Popó reuniu parentes e amigos, a quem ensinou a dança, baseando
-se em suas lembranças, pretendendo incluí-la novamente nas festas religiosas locais. Formou um grupo, o “Conjunto de Maculelê de Santo
Amaro”, que ficou muito conhecido. É nos estudos desenvolvidos por Manoel Querino (1851-1923) que se encontram indicações de que o Maculelê
seria um fragmento do Cucumbi, dança dramática em que os negros batiam roletes de madeira, acompanhados por cantos. Luís da Câmara
Cascudo, em seu “Dicionário do folclore Brasileiro”, aponta a semelhança do Maculelê com os Congos e Moçambiques. Deve-se citar também o
livro de Emília Biancardi, “Olelê Maculelê”, um dos mais completos estudos sobre o assunto.
Hoje em dia, o Maculelê se encontra integrado na relação de atividades folclóricas brasileiras e é freqüentemente apresentado nas exibições de
grupos de capoeira, grupos folclóricos, colégios e universidades. Contudo, convém registrar as observações feitas por Augusto José Fascio Lopes,
mestre Baiano Anzol, ex-aluno do mestre Bimba e professor de capoeira na Universidade federal do Rio de Janeiro: “...neste trabalho de
disseminação, o Maculelê vem sofrendo profundas alterações em sua coreografia e indumentária, cujo resultado reverte em uma descaracterizaçã
o. Exemplo: o que era originalmente apresentado como uma dança coreografada em círculo, com uma dupla de figurantes movimentando-se no
seu interior sob o comando do mestre do Maculelê, foi substituído por uma entrada em fila indiana com as duplas dançando isoladamente e não
tendo mais o comando do mestre. O gingado quebrado, voltado para o frevo, foi substituído por uma ginga dura, de pouco molejo.
“Mais recentemente, faz-se a apresentação sem a entrada em fila. Cada figurante posta-se isoladamente, sem compor os pares, e realiza
movimentos em separado, mais nos moldes de uma aula comum de ginástica do que de uma apresentação folclórica requintada. “Deve-se
reconhecer que não só o Maculelê mas todas as demais manifestações populares vivas ficam sempre muito expostas a modificações ao longo do
tempo e com o passar dos anos. (...) Entendo que todas essas modificações devam ficar registradas, para permitir que os pesquisadores, no
futuro, possam estudar as transformações sofridas e também para orientar melhor aqueles que vierem a praticar esse folguedo popular de extrema
riqueza plástica, rítmica e musical que é o Maculelê.” 

PUXADA DE REDE
O teatro folclórico que retrata a puxada de rede, conta a história de um pescador que ao sair para o mar em plena noite para fazer o sustento da
família, despede-se de sua mulher que, em mau pressentimento, preocupa-se com a partida do marido e o assusta dizendo dos perigos de sair à
noite, mas o pescador sai e deixa-a a chorar, e os filhos assustados.
O pescador sai para o mar e leva consigo uma imagem de Nossa Senhora dos Navegantes, seus companheiros de pesca e a bênção de Deus.
Muito antes do horário previsto para a volta dos pescadores, que seria às cinco horas da manhã, a mulher do pescador, que ficou na praia
esperando a hora do arrasto, teve uma visão um tanto quanto estranha. Ela vê o barco voltando com todos à bordo muito tristes e alguns até
chorando. Quando os pescadores desembarcam, ela dá pela falta do marido e os pescadores dizem a ela que ele caiu no mar por conta de um
descuido e que devido à escuridão da noite, não foi possível encontrá-lo, ficando ele perdido na imensidão das águas.
Ao amanhecer, quando foram fazer o arrasto da rede que ficara no mar, os pescadores notaram que por ter sido aquela uma noite de pouca pesca,
a rede estava pesada demais. Ao chegar todo o arrasto à praia, já com dia claro, todos viram no meio dos poucos peixes que vieram, o corpo do
pescador desaparecido. A tristeza foi instantânea e o desepero tomou conta de todos alí presentes.
Prossegue-se então os rituais fúnebres do pescador sendo levado à sua morada eterna pelos amigos que estavam com ele no mar, sendo seu
corpo carreagado nos ombros, pois a situação financeira não comportaria a compra de uma urna, o cortejo segue pela praia.