Por Joceline Gomes
Pesquisa feita em 2010 e divulgada, na quarta-feira (03/08), pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) mostra que houve um aumento no número de graduandos pretos e pardos. O estudo, feito com cerca de 20 mil estudantes de graduação, demonstrou que a adoção de cotas raciais tiveram um impacto significativo nessas universidades.
Na análise realizada em 2003, pretos correspondiam a 5,9% dos alunos, e pardos, a 28,3%. Em 2010, pretos e pardos passaram a representar, respectivamente, 8,72% e 32,08%. Isso significa um aumento de 47,7% na participação dessa população em universidades federais. Ainda que a presença de afrodescendentes seja pequena, essa mudança simboliza que as ações afirmativas estão funcionando, e que já estão produzindo resultados positivos.
O presidente da Fundação Cultural Palmares, Eloi Ferreira de Araujo, é otimista em relação ao cenário que está se formando. “A sociedade brasileira está se conscientizando de que as cotas raciais são necessárias para a inclusão da população negra. Esperamos que esse número permaneça crescendo nos próximos anos”, afirmou.
O maior percentual de alunos pretos ocorreu no Norte (de 6,8% para 13,4%) e Nordeste (de 8,6% para 12,5%). A pesquisa da Andifes revela, ainda, que a proporção de alunos das classes C, D e E também cresceu, e foi de 42,8%, em 2003, para 43,7% em 2010.
AMPLIAÇÃO – O presidente da Andifes e reitor da Universidade Federal de Ouro Preto, João Luiz Martins, lembra que, sem as cotas, as federais seriam ainda mais elitistas. “Quando você percebe que a pesquisa aponta discrepância em relação à população, isso reforça a necessidade de ampliar as cotas”, disse.
Martins defende que as políticas afirmativas precisam ser mais agressivas para garantir a inclusão. “A universidade tem uma dívida enorme em relação à inclusão de negros. Há a necessidade de ampliar essas ações porque o atendimento ainda é muito baixo”, avalia.
O presidente da Andifes observa que o relatório não analisa o impacto da adoção do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) pelas federais, impulsionada em 2009. Em todo o país, 107 universidades federais adotam o sistema de cotas raciais.
Fontes: Estadão e Jornal do Brasil
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